Meus pensamentos como morcegos inversos
Voaram pela janela do quarto a fora
A cama como uma fita pega-moscas
Meu quarto no nível do mar
Com oxigênio rarefeito, quase a faltar
A janela mais quadro
Que os quadros que são janelas
E todas elas, janelas, elas, paralelas
Penduradas na parede a me olhar
As paredes como paredes de aquário
E as ruas a me olharem na água
A madrugada como o universo
Meus pensamentos como o vento
Meu corpo como areia
A cada pensamento, eu mais disperso
Dentro da jaula das cobertas
Dentro do aquário do quarto
Preso no imensidão do universo
E a minha mente como versos
A lâmpada como um sol que não há
Por eu estar deitado com óculos escuros que não
há
O relogio catando segundos no minutos
Como galinhas catam milho
A minha cama com asas
Minha alma visitando um forno
Comendo as brasa em vez do bolo
O guarda roupa guardando meus sonhos
E a minha vida sentada na poltrona
Toda nua.
Vinícius Faria
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