Meu nome é Apatia
Sou tocado em dó menor, meio diminuta
Sou um clássico compasso 6/8 em escala melódica
Por conseguinte, venho a transparecer sensações
Conquanto seja tão somente aquilo que indico-me do princípio
Irrefutavelmente apático.
E ao pegarem-me pela mão e levarem-me para o meio do salão
Assemelho-me à normalidade
Desconserto-me e já não sou nesta instância composto
Fico entediado com minha linearidade
E logo os mais atentos entendem meu logro
E imediatamente percebem em mim um Adagio Molto.
Fujo desta maneira funesta
Da apatia já sou agonia
Escondo-me nas montanhas sem ter percorrido qualquer caminho
E não há mais espelho onde eu possa me achar
Não há mais estrada a qual eu possa tomar
E a francesa com toda elegância grita-me:
Vous
êtes pathétique!
E, ao menos em nota, quase volto a mim
E naquela sonata para piano em C menor revivo-me ou
remato-me
Sonante ironicamente em Rondo
Allegro.
E pronuncio para meus contemporâneos em meio à confusão do
mundo:
É com Beethoven que o mundo deve desabar!
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