sábado, 13 de abril de 2013

Alotropia

Não exagera-te
Não te faças mais
Do que precisas

De que te adianta
Ser-se de ferro
Se de cristal
É o mundo?

                    Vinicíus Faria

O Olho

Das flores cândidas perto da lareira que esquentam-se sem queimar ao mar violento que se revolta com o vento na pressão que a lua vem a exercer, tu te fazes presente nos cantos secos do deserto do meu pensamento.
Por que me compras esta passagem para meu desespero, memória moribunda e persistente?
Por que vens recriar o nublado funeral do tempo das cotovias quando o dia se faz tão mais agradável?
Das parade das salas que frequento, escorre um óleo com grafite o qual me besunto e me enegreço na ausência da consciência do ato. 
Tu te fazes presente nas cadeiras e lê o jornal da minha vida com um desinteresse de final de semana. Passas as páginas que contenham qualquer relevância para alcançar-me no clichê das páginas de fofocas.
         No que entro, olha-me como se olha as segundas-feiras pela janela e inebria-se com a luz fosca que me corta com a impressão que sou reflexo da existência.
                                                               Cesar Domity

A decapitação do silêncio empossado nos teus lábios

Não digas tu...
Adeus
Quando a noite vir.

Tão pouco, todavia
Apodere-se de lábios reles
Para em meio a noite, jurar cruzar
Sem que outrora
Do breu cavernoso
Tenha bebido.

Aos teus ouvidos
Não leve-te o silêncio
Na hora do teu grito
(Os obliterados apenas
Não sabem medir o escuro)
E só aqueles, de alma surdos
A hora de temer não veem.

                                    Vinícius Faria

Telefone

Tocou o telefone
Só uma vez
Antes que eu
Pudesse atender

A sensação é estranha...
Se eu pudesse
Lavar as palavras
E escolher as
Mais brancas
Para que
Você
Pudesse entender

                        Vinicíus Faria



Sépia

A cor nápoles
Da carne
A carne nápoles
Da cor

                                   Vinicíus Faria