A traição existe em várias
formas. A confiança só existe em um estado: Em plenitude. Neste estado
alotrópicom, ela se assemelha a um plano feito de um material como cristal, mas
mais delicado. Uma espécie de vidro comprido, largo e flutuante que, por
natureza, é muito sensível a efeitos sonoros e físicos. No mínimo abuso destes,
ele pode se romper e se estilhaçar em um processo irreversível. O problema,
como já sintetizado pelo filósofo, não é a aplicação do efeito, mas a irreverssibilidade
do processo; a impossibilidade de restaurar o único estado da confiança.
Não sei se por
alguém eu não fui traído. Presumo da mesma forma que não exista alguém a quem
eu não traí. Embora eu carregue em minha existência a luta contra esta ação, eu
mesmo sou um mar de hipocrisia. Sou comumente hipo em meu desejo e hipo na
minha existência. Mas não me tenha piedade! No desconhecimento do meu hipo, é
ilógico que me tenha piedade. Pela própria definição do que se deve ter
piedade, deve-se ter piedade daquele que tem piedade.
Dentro da
ideia de piedade, ou entramo no paradoxo da cobra que come o próprio rabo, ou a
dispensamos. Em meu caso, a segunda opção me parece mais perspicaz.
Sendo assim,
deixo-te dormir. Já são quase duas horas e minhas palavras não são tão
importantes assim.
Cesar Domity
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