domingo, 17 de novembro de 2013

Escritos de um Terceiro


A traição existe em várias formas. A confiança só existe em um estado: Em plenitude. Neste estado alotrópicom, ela se assemelha a um plano feito de um material como cristal, mas mais delicado. Uma espécie de vidro comprido, largo e flutuante que, por natureza, é muito sensível a efeitos sonoros e físicos. No mínimo abuso destes, ele pode se romper e se estilhaçar em um processo irreversível. O problema, como já sintetizado pelo filósofo, não é a aplicação do efeito, mas a irreverssibilidade do processo; a impossibilidade de restaurar o único estado da confiança.
         Não sei se por alguém eu não fui traído. Presumo da mesma forma que não exista alguém a quem eu não traí. Embora eu carregue em minha existência a luta contra esta ação, eu mesmo sou um mar de hipocrisia. Sou comumente hipo em meu desejo e hipo na minha existência. Mas não me tenha piedade! No desconhecimento do meu hipo, é ilógico que me tenha piedade. Pela própria definição do que se deve ter piedade, deve-se ter piedade daquele que tem piedade.
         Dentro da ideia de piedade, ou entramo no paradoxo da cobra que come o próprio rabo, ou a dispensamos. Em meu caso, a segunda opção me parece mais perspicaz.
         Sendo assim, deixo-te dormir. Já são quase duas horas e minhas palavras não são tão importantes assim.

                                                Cesar Domity

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