Que te destruíste nos braços do realismo
Que perdeste o trem que partia de nossa montanha de lirismo
E que recheaste meu colchão de figurativa tentação
Notei que deixamos de ler os mesmos livros
Que estes molestavam nossa solidão
Que, na verdade, deixamos de ler livros
E que os seres em volta cegaram-nos de supetão
Notei que nos afastamos da eternidade
Que a ideia de eternidade é blasfêmia ao espírito do homem
Que o próprio homem é o maior terror ao homem
E que já se tornou moda desistir da humanidade
Notei que pouco do que fizemos permanece
Que nossa bondade não aparece nos noticiários
Que nosso final feliz é mortuário
E que pequeno é aquele que dos esquecidos esquece.
Cesar Domity
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