Andei lendo coisas diferentes ao mesmo tempo.
Andei pensando sobre os Eu’s em diferentes lugares.
Andei pelas calçadas do centro da cidade com pessoas
abarrotadas.
Simplesmente andei por aí.
Sinto uma certa tentação em ler ou em pensar nestes andares
diversos.
A obrigação me faz caminhar. Não tenho prazer em tais
esforços.
Pensei, por estas tardes de sol no inverno, sobre estes
malditos Eu’s que enfestam a minha existência.
Ich, Je, I, Watashi, Yo e, enfim, Eu.
(Maldito senso estético que me perturba pelas ruas e pelos
espelhos)
Eu de qualquer maneira... Porém, de qualquer maneira, Eu?
Tive esta sensação de estar perdido e não ser qualquer coisa
senão organização.
E, no meio do caminho, Porfíri diz para Raskolhnikov “Quem é
o assassino? O assassino é o senhor, Rodion Romanovitch. O senhor é o
assassino.”
Imagine a espinha!
Mas que tanto me importa a espinha do Raskolhnikov?
E que tanto me importa minha estética e minha simetria?
Tenha-me como amorfo, então!
Sou amorfo e não tenho espinha. Não sou watashi, ou Ich, ou
I e nem ser posso ser. Porque sendo algo, sou eu sendo. E desfaço minha
propriedade de ser.
Isto, a que eu costumava chamar de eu, não mais é.
Cesar Domity
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