sábado, 22 de fevereiro de 2014

Tenho que Fazer Meu Dia

Acordo cedo.
Tenho que fazer meu dia.
Tenho que ser meu.
E mais do que isso:
Sei que tenho que fazer meu dia.
E sei que sei de tudo isso assim que acordo.

Por que não paras relógio?
Por que não posso eu puxar anti-horariamente o teu ponteiro?
E fingir que não é ainda a hora que eu sei que é.
Ora! Mas que grande bobagem. 
Se não fosse essa hora, seria outra.
E eu teria que fazer algo também nessa outra hora.
E mais do que isso é saber estar fazendo ou saber ter que fazer.
E isto é como uma fadiga, mas não de ter que pensar no meu dia,
E sim ter que pensar em fazer algo, e a consciência de ter.

Pobre do que fala em liberdade.
Mas mais pobre ainda a mente metafísica.
Dar um sentido para a vida é anular a liberdade como consequência.
E mesmo que o sentido seja a liberdade,
Não é algo muito livre ter que ser livre.

Pois então, decido agora, nesta manhã, que não há metafísica na vida.
Que a vida não tem sequer um sentido que seja.
Nego agora todo o sentido da vida.
E, por conseguinte, acabo de afirmar que o sentido da vida é não ter sentido para dá-la.
Raios!! Isso ainda é uma metafísica. 

                                                                        Vinicius Faria

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