quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Hibridade Metálica

O frio das friagens da tua alma em junho
Abri as portas paralelas da tua mente.
Onde?
Não sei

No alvo meu.
Ponto primeiro de ti
Que agora sou todos os cândidos caminhos cruzados,
Meus,
Seus,
Nossos,
Meu comando agora.

Vivo está
(Pensamento?)
Nisso que penso e em tudo
Faço isso porque respiro e estou vivo no mundo.

Para ti agora tudo é perfeito, de claro brilho,
Profundo.
Prende-me a ti, existência tua
E o que não é meu te prende a mim

Tudo sombra de ti em mim até aqui
Tudo preso para ai vai daí vem
Tudo num ciclo cilíndrico
Para o caos
Até que se desfaz
Todo e tudo
E não volta
Nem olha
Nunca mais
 
                                     Vinícius Faria






quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Resistência em Tempos de Zombaria

                  O tempo no céu era de interesse mínimo. Estive viajando pela vergonha e conhecendo os novos endereços da solidão que não se somava mais aos cantos. Desde que meus medicamentos mudaram, minha própria indecência fez-se acompanhar por meus outros conflitantes íntimos e tão bem conhecidos. Estávamos banhados de suor e sangue e, entrementes, prosseguíamos lutando desconhecendo a causa. Estávamos sempre dispostos a nos arrojarmos em uma desafio perpétuo de auto-perseverança e fraqueza alheia. Minha incansada mente e eu.
         Andei pecaminoso a quase desistir e debandei. Então pensei na bobagem por qual estive andando. Assei essa essência e a fiz comer como tributo às instâncias de suplício reproduzidas de sua impudicícia. Rondava-me durante as madrugadas que arrastavam-se lentas e solitárias, vivas em pensamento e distantes da pequenez humana, e pelas manhãs, que por si só são secas e têm uma valsa constante dessa nossa dança tão natural de vivermos, e, ainda, pelas tardes que são um caminho para o terror do ocaso, pulsantes, de um aclive sonolento e um brilho tardio. Tão-só vazio após isso tudo era, nada era noite.
         Vi que ela mudou e que o seu arsenal de objetos para minha desordem ficaram sofisticados juntos à minha sagacidade. Pude sentar e comer duas vezes esta semana. Alimentei-me de um sortido de cabelos, pressão, derrota e alegorias sonoras do Brahms batidos ao leite d’angústia. O meu pensar contingente teria pedido um dicionário mais excelso que de Voltaire no nascer. Já é tempo. Nada muito claro, tudo pouco escuro. Em seguida, perderei a palavra que venho acompanhado há tanto, que me engasgou por vezes e em muito me pouco serviu. 
                                                  
                                                                     Cesar Domity