domingo, 29 de setembro de 2013

Red Poem

There is a new world at the bus stop
Nonetheless, one world just it will be
And will become such as any other
A foolish, apathetic and rebuilt one
That refuses catholics as placebo effect
That emerges from a thought, branches and substantiates itself
That will get bored once again among the unmeasured self-proliferations
And it will devour itself.
In the end, I will be back from it.

I will stay in the present
Simply.
I stay because to nowhere I could not belong.
I am of the whole universe
Natural in nature
I am wood among titania
In a world where everyone must boil, I burn.

I
Disappeared inside an infinite with eternals infinites
Stagnated in an electric instant
Maggot of my social disease
Of the saturated love, rarefied
Consumed in full boredom
Dragged by the complex dream of living
Deified by the cockroaches in my apartment
I
So
Belong to this redhead of my imagination

This gingery girl who lives at the bus stop
And that becomes transparent exponentially with my approach
A redhead who lives on the walls
That climbs my daily life and haunts my future with her absence
Who is not a human being
Who is my fantasy of the ideal
Who is my ideal of fantasy

Through my reflexive nightly walk
I decided to create my own paradox
I packed my bag and went on my way
And I never saw me again.

                                             Cesar Domity

Liberdade Fecal

Obra de minha dignidade
Prole de minha flora
Escória de minha existência
Borra do meu recente pretérito
Inócua
Plissada
Fezes.

Beije-me, minha querida
Beije-me com toda tua entalpia
Esquenta-me, faz-me arder
Infesta-me de gás sulfídrico
Entre nas falhas da minha dentição
Com todos os detritos que outrora conheci

Toda minha passionalidade é dúbia
Talvez eu te consuma pela liberdade que te dei
Prendo-te novamente mesmo fora de meu ânus
Porque até o mínimo que perco
Contribui para minha degradação.

                                        Cesar Domity

Solitude

Estou hoje exaurida
Estive esperançosa pela semana
Pensei que pudesses aparecer
Preparei a sobremesa nos primeiros dias
Mas só pude pertencer a ti em meu sono

Estou hoje cansada
Estive sozinha por toda minha vida
Tomaste de assalto meu tédio
Mas me deixaste agora na solidão

Queria que estivesses em casa
Queria que estivesses em mim
Que ao menos nunca houvesses partido...
Não tenho fotos tuas
Apego-me às minhas lembranças
Mas já não mais lembro como eram tuas mãos
Quase esqueci a cor dos teus olhos
Quase esqueci quem eu esperava

Estou hoje cadavérica.
Estive sentada na frente de casa por dois dias
Senti que estavas para chegar
Não que eu me importe muito com a fome
Mas hoje faz frio
Talvez eu entre
Tudo bem?

Eu queria ter dito mais coisas...
Se tu estivesses esperado
Mais um momento
E tivesses conversado comigo
Naquele dia
Tu saberias
Que 
Até aquele momento
Eu nunca tinha te amado.

                                       Cesar Domity

Dicotomia

Não entendo por que associas a ideia de eu não te querer a de eu querer alguém.
Na verdade, eu queria.
A ti.
Mas tu ficaste nesta inépcia de não quereres um relacionamento.
Nunca pensaste em como isso vinha a me atingir?
Tu bem sabias como eu me importava com tais coisas.
Por diversas vezes eu disse que tu estavas detruindo o meu carinho por ti.
E, ao fim de tudo, conseguiste.
Tu fizeste o papel de Tereza durante muito tempo.
E eu não serei um Tomas conformado e de sonhos frustrados só por te amar.
E é óbvio que falarei de ti para minhas próximas mulheres.
Tu foste a maior dicotomia da minha vida.

      Cesar Domity

domingo, 1 de setembro de 2013

Fada de Abril

A fada de abril chegou silenciosa e cuspiu na minha cara
Não quis pensar no gosto ferroso e no éter de sua barriga
Mas a luz é clara depois que de longe ilumina.
Fui para o quintal onde sempre tinha rede
Mal disposto a enfrentar a distância que dormia no pátio
Houveste (e nem disse) plantado urtiga todo dia
Mas debaixo da árvore a rede ainda balançava
E no outono haverá frutas como em todos os anos

O Meca que vestes não faz sentido, assim como o combate que preparas
Não há guerras estelares no futuro da nossa floresta
Talvez nem mesmo em Marte, tão pouco em Saturno, haja florestas
Entretanto nunca pensei que fadas tivessem asas, nem armas
Que eu soubesse era coisa dos anjos
Enfim, não estou aqui por tanto para discutir, no entanto
Nenhuma articulação exposta que sobre costa mora
Tenho que tratar a cianose dos móveis da casa
E as lamentações das janelas fechadas
Quando a hora morre tudo pesa ou sobra

Pela ordem que tu defendes, eu já devia esperar (nisso devia até haver, uma... certa calma) as voltas soltas que tu te condicionas.
E o cianureto que sobra no teu nome e escala as paredes
Não é bem uma falha mecânica, mas
Sempre pensei que o metal pesasse nas asas
Aonde a tranqüilidade cria veias no chão
A propulsão passa e fica o vácuo
Azar é o meu que tenho que lidar com o cianureto
Que ficou aonde tocou com as mãos perfumadas de fada branca
E a urtiga que roça a lembrança das coisas frescas de hortaliça.


                                                   Vinícius Faria

Conversa Pós-Drummond

Você foi escolhido, não te disseram, mas foi
Foi o acaso, foi a sorte, foi o destino
Foi tudo isso
E cabe mais tudo que quiser, que queira dizer
Que pense que vai amenizar, consolar
Diminuir o peso, a carga
Você foi escolhido
Foi escolhido para ser você
Não deram opção
Não haviam mais na prateleira?
É como estar no universo sozinho
À quinhentos quilômetros de júpiter
É tua prisão, é teu berço
A inquebrantável condição
E o que você vai fazer?
Não há como escapar
Não há como sair
Isso é o isso que dá para fazer
Mas você pode fazer
Mesmo que você tenha que fazer
Você é sua melhor companhia
Você é sua melhor saída
Você é sua melhor condição
Sempre foi
Você diz que não lembra
Que nunca soube
Você foge coloca isso noutro
Noutra coisa lugar, desejo
Mas ainda é você, é tua única condição


Vinícius Faria

Despedaçamos nossos Braços

Despedaçamos nossos braços
Comemos nossos beijos
Sentamos no nosso cansaço
Há um morto na nossa sala
Já grita nosso silêncio
É hora vazia extraviada
E come pão sem manteiga
Uma mendiga em nossa porta
Já há pregos na nossa horta
Onde antes teve canteiros
Nossa hora sabe ter sido
E antes de ser já nos parece velha
Estamos operando nosso umbigo
Sem luvas de parcimônia
E anestesia de amor
Não mais dentro nem fora
Para a linha morta
Da nossa ocasião


                                        Vinícius Faria

otro

De tanto andar una región
Que no figuraba en los libros
Me acostumbré a las tierras tercas
En que nadie me perguntaba
Si me gustaban las lechugas
O si prefería la menta
Que devoran los elefantes.
Y de tanto no responder
Tengo el corazon amrillo.


Pablo Neruda (Homenageado)