segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Passagem dos Dias

Acordo-me e dizendo oi ao dia já interponho enfatizando não a ele pertencer. Treino o meu français dentro das térmicas de café e desperto-me novamente no atraso de meus deveres. Anseio na produção intelectual e me perco em seguida em qualquer coisa de economia ou educação filandesa. Há algo de cíclico que não me contenta nos dias. Há algo infidado que é de um contínuo enfadonho. Afasto-me do sociável e conquisto um eu metódico que, por sua vez, desespera-se em algum momento pelo sociável em uma auto-regulação que, por fugir a compreensão, cheira putridamente a misticidade. Reciclo tudo, integro o momento e me percebo ainda babando na admiração de um céu que ainda está a surgir e, por último, dou-me tapas motivacionais. Eu percebo este algo grandioso perto, mas sou incapaz de entendê-lo ou tocá-lo; ainda estou neste ciclo quase letárgico que como agradável não se destaca de uma cólica em uma noite de sábado. Não há refino na passagem dos dias e não há objetivo nos dias, por ora, se não a espera. Guardo minha voz para utilidade maior, caso haja, e viajo plenamente fora da instância que me toma.

                                                                          Cesar Domity

Meu Querido Morrer


No dia em que eu morrer
Eu morri
O que eu deixei para fazer amanhã comprou o amanhã e o amanhã findou.
A conta dos meus dias foi fechada
Eu não fiquei em haver.
O que faltava em mim
Ficou faltando
O que sobrava
Foi comigo (ou se desfez em alguém)
O que havia de ruim
Morreu
E o que havia de bom
Também
No dia que eu morrer
Eu morri
E fim
Parem de falar nisso.

                                                                   Cesar Domity