sábado, 30 de abril de 2016

Precariedade Mítica

Queria eu cavalgar os balanços
Desejar melhorar o meu avanço
Ansiar inversamente meu descanço
Mas saia de soslaio pelos fundos do pensamento
Envolvia o edredon nos arredores do memento
Percorria os dias em desalento
E possuía nos acordes a preciosidade de nenhum acalento
Vislumbrava despreocupadamente os rios violentos do verão
Passeava raramente na percepção
E tinha a ação inclausurada na imaginação de um dia sem vento.

                                                            Cesar Domity

Deu-me o Acaso


Venha
Necessitamos beber.
Diga o que bebes e direi o que pensas.
Calha-me intuitos sardônicos
Portergo o ontem
Enfadonha-me tu.
E já morri de tédio três vezes agora.
Saia!
Desisto!
Disse-te: Desisto!
Farei companhia àqueles ratos.

                                                  Cesar Domity

Um Galão e Realmente era o Dinheiro.

Alguém precisava fazer disso uma frase ruim
Antes, havia gatos na calçada mas logo o sol chegou e destruiu o ócio
Falavam sobre as colheitas no fundo do pátio
E se imaginava que antes haveria de haver algo.
“Certamente”, dizia e balançava a cabeça.
“Certamente...”, dizia resmungando e balançando a cabeça.

Era Abril e alguém corria na colina
E alguém gritava na campina
E alguém sabia uma rima
Mas, eu, não.

Voltavam a olhar as barbas e tocavam-nas em lento deslize
“Certamente, certamente...” e algo já precisava ser feito, sabiam.
Colocaram fogo no pasto, roubaram uns cavalos e saquearam o bar.

“Preciosino!” dizia uma mulher de meia-idade e gorda.
“Certamente, certamente...” e tudo foi deixado queimar para virar história de bosta.

Cesar Domity