domingo, 17 de novembro de 2013

Palavra

Tudo vem de um jato
De um instante de dentro
Do fundo do sangue

Tudo é uma estupidez
Tudo é real
Tudo é como um instante

Falar é errante 
É como nada.
É estar no meio
Do que a algum tempo passou
Grossas paredes com ouvidos
Palavras não são mais que o vento

Deserto
(De sentido que satisfaça)
O mundo é deserto
Mas o que importa?
Estamos cravados na rocha!

É estupidez gritar e falar
(Tem gosto de sangue
Tem gosto de terra)

A palavra é uma pluma
E o ouvido martela
E o ouvido erra

Do âmago da terra
Erra-se a vontade
(Apraz de falar
Sedenta de escutar)

A palavra é um transtorno
A palavra é um transmorfo
E quase morta, já torta
Ao vento desatenta
Perde-se em ramas

Sou do alicerce de uma torre
Que solta balhões para o céu
Que sempre estouram


                                      Vinícius Faria

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