terça-feira, 23 de outubro de 2012

Onde o desencanto mora

Em cada esquina desta cidade ornamental
Vagam os segundos dentro do tempo do pensamento
Os carros todos de terno e os relógios na esquina
Dobram a gaiola que circunda os humanos

Todos os trilhos que não existem
Levam facilmente todos na hora vazia
Pelos labirintos secos e cinzentos
Sempre em busca da mesma miragem
Em cantos podres e temperados de urina
Juntam-se humanos de estimação
Abandonados
Protegendo-se do universo
Tal qual sem dono

Nos prédios gelados da cidade solar
Sobem e descem pavões
Felizes por sua plumagem
Num vai-e-vem de carnes frias
E de passos vazios puxados pelo hipinotismo
Chego eu a ouvir o som oco de crânios vazios
E risos programados
A cidade de pernas abertas para o aconchego do espírito

                                                              Vinícius Faria

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