domingo, 28 de julho de 2013

Mensagem


Bates com pequenos sussurros em meus tímpanos.
Nem perguntei sobre tua febre terçã de domindo e de terça.
Aquele dia que procuraste te esconder debaixo dos cobertores, enfrentei os semáforos e botei fogo em uns dez cigarros pelo caminho.
Imagino que tenhas deixado um bilhete o qual não posso encontrar.
Fazer tudo isso é muito difícil.
Não sei se é o sofrimento que é ser vivo e me toca ou se sou eu que sou coisa torpe e me espalho pelo espaço da cama.
Imagino que todos os escritores tenham esta coisa...
Esta presença persistente que de alguma forma é aconchegante e querida.
Comporta-se como filho, como namorada tímida, como um animal de estimação pesteado até o talo.  Enraizado no dia-a-dia.
Eu bem que mostrei que há torpor nos cobertores.
Eu mal sorri entre os sussurros.
Se é verdade que escuto, sou são e os outros são todos doentes.
Se é inverossímil, é porque há um déficit na minha retórica e, por conseguinte, todos os outros continuam doentes.
 
                                                Cesar Domity