quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Inconsciente Verossímil

Inconsciente verossímil
Taciturna luz do abajur
Esconde-me do mundo
Nas clausuras do meu quarto
Suicídio graduado
Com vinho tinto
Cigarro e pão
Em vezes deito no chão
À espera da tenacidade
Da alerta e da vontade

Indiferença espessa consciente
Às conquistas e à glória
Não me satifazem
Nem mesmo a vitória
Pelos esforços que tende
Portas abertas no fundo da mente
Nas conjecturas... sente
Um pisar em ovos
Na minha alma vive
O segredo do medo
De todos os povos

Vem a voz da minha voz
No silêncio do pó
A vaidade da vontade
Os erros do meu ser
Nos olhos o que ver
Para trás da retina
Cheira sempre a saudade
Num niilismo reluzente
Minha alma sente
A verdade da verdade da verdade iminente.

Chão... céus...
O intervalo da indiferença
Reforçando os limites
Debaixo das imunes crenças
Deitadas na cama horrenda em que deito
À espera de uma voz quente
Trazendo a certeza em seus seios
E o corpo doce
No asco que me lucida
Como uma bagatela, some.

Voz aveludada da solidão
Desilusão do não
Chegada da minha donzela
Que ninguém prometeu
Meu algoz matinal
A lua cheia estampada
Carne vencida e fraca
Vaidade corrompida e falhada

É um juízo meu não ter sina
Grécia, Espanha, Holanda
É tudo varanda
Em que eu podia
Sentar e ver a vida

No quarto das matizes
Em meus olhos
Couberam tantos universos
No meu astigmatismo, eu erro
Até o que não vejo
Escuto
E do silêncio
Espero um beijo

A lembrança espia a minha vida
A manhã segue fria
Como o curso do rio
E é dificil ver
A diferença dos próximos
Nem chegaram, já cansei
Existencialismo me causa ânsia
E hei de ir para o guarda roupa
Procurar a Nárnia
Da minha infância
E se não for isso
Quero voltar pelo menos
Para o útero da minha mãe.

Vinícius Faria



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